quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Entrelinhas

“O homem se faz forte quando se decepciona”. (Fito Páez)
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Já fazem 7 meses. O homem finalmente perdeu sua coragem.

-Cadê tu que se fazia de forte e carregava sempre um sorriso estampado no rosto?
-Cadê tu que nunca soube o significado da palavra amor?
-Voou.

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De tanto caminhar olhando pro alto deve ter tropeçado e quando não encontrou ninguém, veio me chamar. O único problema era que eu já não estava ali- sentada no mesmo banco de 7 meses atrás esperando o garoto de sempre. Talvez você tenha chegado tarde, talvez cedo demais.

Pára, pára tudo.

Você chamou o meu nome, mas seus gritos soaram baixos desta vez. Ninguém lhe ouviu.
Enquanto anoitecia só te restava caminhar em direção as sombras. Você seguia olhando sempre pra trás (algo que não costumava fazer). Era o medo despertando em seu peito aflito.

Você estava sozinho agora, não havia ninguém ali.

A noite passara tão depressa que nem percebera.
Quando o dia clareou seu corpo suava frio como quem perdera o único fio de esperança que restava.

Eis que você resolve voltar em frente ao banco de sempre.
Não há garota nenhuma ali, se conforme.

Ao caminhar para um próximo banco, lá está. Sentada, como sempre. Porém, mais a frente. Os
garotos que passam por ali agora são outros. E quem ela tanto ama, já não é mais a você.

E antes de dizer que se decepcionou com ela, saiba que antes ela se decepcionou contigo.


Está na hora de se fazer forte, de novo.

03:17 a.m.

O telefone toca.
Meus pés tocam o chão e caminham em passos silenciosos pela casa à procura do aparelho. A escuridão toma conta dos corredores que levam em direção a sala, eu não consigo ver um palmo sequer a minha frente.
Tudo é silêncio, o único som que consigo ouvir é o do telefone a tocar.
Cada vez mais o toque chega a ser perturbador.

"Deve ser algo grave. Afinal, a pessoa insiste em ser atendida." Pensei.

Sigo com meus passos esbarrando em móveis.
Por coincidência, ao me apoiar na parede, coloco a mão em cima de um interruptor. Finalmente consigo acender a luz.

O aparelho está jogado sobre o sofá, continua tocando.
Tomo-o rapidamente em mãos, atendendo.

A: Alô?
B: Oi.
A: Tu me ligando a essa hora?
B: Desculpa.
A: Tudo bem, só pensei que pudesse ser algo grave.
B: Mas não deixa de ser.
A: O que houve?
B: Eu precisava ouvir tua voz antes de me deitar.
A: Pra falar a verdade, eu já precisei disso muitas vezes.
B: E porque não me ligou?
A: Eu já tentei, mas tu sempre desligava.
B: Desculpa.
A: Tu sempre diz isso.
B: ... Eu preciso te ver
A: Eu já precisei te ver.
B: Isso foi um não?
A: Talvez.
B: Não quer tentar?
A: Porque deveria?
B: Porque dessa vez pode ser diferente.
A: E se não for?
B: Continue parado então.
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sobre A e B.

Os fins contados entre "A" e "B".
"A" sempre lutando por um novo começo, enquanto "B" está sempre impondo fim nas esperanças de "A".
Os dois estão tão perto, mas ao mesmo tempo, tão distante.
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B: Dessa vez, vim dizer Adeus.
A: O que vai fazer?
B: Vou-me embora, eu não volto mais.
A: Ainda pretende largar tudo aqui?
B: Não tudo, apenas uma parte.
A: A melhor parte.
B: Talvez não.
A: Talvez sim.
B: Eu já não sei o que pensar...
A: E nunca vai saber, não é?
B: Porque você acha isso?
A: Porque tu me chama de indecisa; e não vê que tu que é o indeciso.
B: Você sempre querendo ter razão.
A: E tu sempre fazendo a escolha errada.
B: Estou fazendo o que é melhor pra mim.
A: Tu só pensa em si.
B: É o meu futuro.
A: E o meu futuro? Como fica?
B: Olha, eu não sei...
A: Faça o que sempre faz, deixe tudo no passado.