quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

03:17 a.m.

O telefone toca.
Meus pés tocam o chão e caminham em passos silenciosos pela casa à procura do aparelho. A escuridão toma conta dos corredores que levam em direção a sala, eu não consigo ver um palmo sequer a minha frente.
Tudo é silêncio, o único som que consigo ouvir é o do telefone a tocar.
Cada vez mais o toque chega a ser perturbador.

"Deve ser algo grave. Afinal, a pessoa insiste em ser atendida." Pensei.

Sigo com meus passos esbarrando em móveis.
Por coincidência, ao me apoiar na parede, coloco a mão em cima de um interruptor. Finalmente consigo acender a luz.

O aparelho está jogado sobre o sofá, continua tocando.
Tomo-o rapidamente em mãos, atendendo.

A: Alô?
B: Oi.
A: Tu me ligando a essa hora?
B: Desculpa.
A: Tudo bem, só pensei que pudesse ser algo grave.
B: Mas não deixa de ser.
A: O que houve?
B: Eu precisava ouvir tua voz antes de me deitar.
A: Pra falar a verdade, eu já precisei disso muitas vezes.
B: E porque não me ligou?
A: Eu já tentei, mas tu sempre desligava.
B: Desculpa.
A: Tu sempre diz isso.
B: ... Eu preciso te ver
A: Eu já precisei te ver.
B: Isso foi um não?
A: Talvez.
B: Não quer tentar?
A: Porque deveria?
B: Porque dessa vez pode ser diferente.
A: E se não for?
B: Continue parado então.
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